CAMPO GRANDE - ABRIL DE 2010
CHEGADA DA FAMILIA NOGUEIRA EM MATO GROSSO
João
Nogueira, homem alto, cabelos ondulados
e barbas longas, olhos azuis, aparentando sessenta anos, certo dia abordou o povoado de
Santana do Paranaíba. O forasteiro, entrou pela rua principal e dirigiu-se para
uma pensão que ficava ao lado da praça. Ali procurou o Sr. João Dias, morador
de Paranaíba e freqüentador assíduo da cidade de Uberaba, com quem fazia
comércio de gado. O encontro dos dois velhos amigos foi comemorado com grandeza
por João Dias, que mandou preparar um farto jantar para o amigo. A conversa só
não foi muito longa por conta do cansaço; João Nogueira deu apenas algumas
informações sobre sua viagem, dizendo que deixara a comitiva nas proximidades
do porto da balsa, lugar onde fazia a
travessia do rio, onde arranjou pasto para o gado e acampamento para
seus filhos, noras e netos e que estava ali para analisar as possibilidades de
compras de terra. Com um tom afável,
João Dias, recomendou ao amigo que fosse descansar, apontando-lhe um
confortável dormitório, no qual, João Nogueira, recostou-se e dormiu até o
amanhecer.
No dia
seguinte, após um reforçado tira-jejum, João Dias mandou recolher a tropa e
escolheu duas de suas melhores montarias, oferecendo uma ao amigo João
Nogueira, que já refeito do cansaço, pode selar um belo cavalo e acompanhar o
cicerone na jornada que propunha fazer para mostrar os arredores de Santana.
Após atravessar o povoado para o lado do poente, após coisa de meia légua,
chegaram a um lugar alto de onde podiam ver os quatro lados do horizonte a uma
distância de até dez léguas para o lado do sul, e até vinte léguas para o lado
do poente. Ali pararam os cavalos, fazendo um semicírculo para posicionaram-se
frente para o sul. Parado, o velho Nogueira, disse confiante:
-
Caro João Dias, sei que você gosta do sul porque é pra
lá que leva suas boiadas e de onde traz a guaiaca cheia de dinheiro, mas o meu
negócio é outro, eu quero mesmo é campo, muito
campo, para criar muito gado e para acomodar meus nove filhos-homem, que
ainda hoje você vai conhecer.
-
Está certo, Nogueira, respondeu o velho amigo,
apontando para o cerradão, então olha lá o que lhe espera, veja o imenso
chapadão que você vai encontrar. Asseguro-lhe, sem medo de errar, que você vai
poder viajar rumo reto mais de cinqüenta léguas sem chegar no final.
-
Pois é isso mesmo que eu quero meu amigo, vamos lá...
E
assim torceram as rédeas dos cavalos, desfizeram o semicírculo e rumaram-se
para as bandas do rio, coisa de uns dez quilômetros. Enquanto cavalgavam,
conversavam animadamente, fazendo muitos planos para se chegar às melhores
terras do chapadão, nas quais o rio Sucuriú, era a maior atração, devido as
terras muito férteis de suas margens. Em suas delações, João Dias, falava
também dos rios Verde e São Domingos, igualmente importantes que drenavam o
chepadão, no sentido Oeste-Leste.
Finalmente, o sol já passando a
marca do meio dia, chegaram no acampamento de João Nogueira, uma comitiva de
verdade, composta de cinco carros de boi e mais de cinqüenta pessoas, entre
adultos e crianças. Chegaram e foram direto para o carro mais central, onde
estava as filhas e filhos solteiros que acompanhavam o pai João Nogueira que
eram em número de cinco. Vendo que o pai chegara, todos os filhos se
aproximaram para lhe pedir a bênção e saber as novidades.
João Nogueira apresentou João Dias a
todos os componentes de seu grupo a medida que iam percorrendo o acampamento,
até retornarem ao ponto inicial, onde estavam lhes aguardando Silvério, o mais
velho dos filhos de Nogueira, o qual ajudava no preparo do almoço. Depois de
almoçarem e conversarem muito, João Dias voltou para sua casa, no povoado.
Antes, porém, acertaram uma viagem exploratória sobre a região do Sucuriú, onde
estariam presentes João Nogueira, seus dois filhos mais velho, João Dias, e um
guia conhecido por Nego Mota, mestiço de índio e negro.
E
assim aconteceu a introdução dos Nogueiras nas terras mato-grossense, conta-se
que os nove irmãos, filhos de João Nogueira, vindos de Uberaba, atravessaram o
rio Paranaíba e subiram pela margem esquerda do rio Sucuriú até o lugarejo
chamado Paraíso, onde ficou Sebastião Nogueira. Mais adiante, à margem do
riacho São Domingos, Francisco Nogueira montou a fazenda de nome Ponte Velha.
Ainda na margem do São Domingos, mais a baixo, fizeram morada Joaquim Nogueira
e José Nogueira. Luiz Gonzaga Nogueira ficou na beira do Indaiá, lado direito
do Sucuriú. Camilo Nogueira morou na Fazenda Café, margem direita do Rio Verde.
Silvério Nogueira montou fazenda também à margem do Rio Verde, num lugar
chamado Lageadinho. Dois deles, muitos anos depois, viajaram mais distante e foram montar suas
fazendas nas campinas do rio Vacaria, nas proximidades da cidade de Rio
Brilhante, foram eles Manoel Conegundes Nogueira, o Neneca, e João Nogueira. Na
cidade de Rio Brilhante são encontrados inúmeros descendente desses dois
membros da família Nogueira, dentre os quais existe a prole de Augusto
Nogueira, chamado Augusto Neneca, pai de Ataíde Nogueira, personalidade muito
influente na Região. Quem visitar o cemitério de Rio Brilhante verá, logo no
início o túmulo do Senhor Manoel Conegundes Nogueira, falecido em 1935.
"DO LIVRO FAMILIA AUGUSTO PANIAGO NOGUEIRA"