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quarta-feira, 27 de março de 2013

 
 
 
CAMPO GRANDE - ABRIL DE 2010 
 
CHEGADA DA FAMILIA NOGUEIRA EM MATO GROSSO


João Nogueira, homem  alto, cabelos ondulados e  barbas longas,  olhos azuis, aparentando  sessenta anos, certo dia abordou o povoado de Santana do Paranaíba. O forasteiro, entrou pela rua principal e dirigiu-se para uma pensão que ficava ao lado da praça. Ali procurou o Sr. João Dias, morador de Paranaíba e freqüentador assíduo da cidade de Uberaba, com quem fazia comércio de gado. O encontro dos dois velhos amigos foi comemorado com grandeza por João Dias, que mandou preparar um farto jantar para o amigo. A conversa só não foi muito longa por conta do cansaço; João Nogueira deu apenas algumas informações sobre sua viagem, dizendo que deixara a comitiva nas proximidades do porto da balsa, lugar onde fazia a  travessia do rio, onde arranjou pasto para o gado e acampamento para seus filhos, noras e netos e que estava ali para analisar as possibilidades de compras de terra. Com um tom afável,  João Dias, recomendou ao amigo que fosse descansar, apontando-lhe um confortável dormitório, no qual, João Nogueira, recostou-se e dormiu até o amanhecer.
No dia seguinte, após um reforçado tira-jejum, João Dias mandou recolher a tropa e escolheu duas de suas melhores montarias, oferecendo uma ao amigo João Nogueira, que já refeito do cansaço, pode selar um belo cavalo e acompanhar o cicerone na jornada que propunha fazer para mostrar os arredores de Santana. Após atravessar o povoado para o lado do poente, após coisa de meia légua, chegaram a um lugar alto de onde podiam ver os quatro lados do horizonte a uma distância de até dez léguas para o lado do sul, e até vinte léguas para o lado do poente. Ali pararam os cavalos, fazendo um semicírculo para posicionaram-se frente para o sul. Parado, o velho Nogueira, disse confiante:
-          Caro João Dias, sei que você gosta do sul porque é pra lá que leva suas boiadas e de onde traz a guaiaca cheia de dinheiro, mas o meu negócio é outro, eu quero mesmo é campo, muito  campo, para criar muito gado e para acomodar meus nove filhos-homem, que ainda  hoje você vai conhecer.
-          Está certo, Nogueira, respondeu o velho amigo, apontando para o cerradão, então olha lá o que lhe espera, veja o imenso chapadão que você vai encontrar. Asseguro-lhe, sem medo de errar, que você vai poder viajar rumo reto mais de cinqüenta léguas sem chegar no final.
-          Pois é isso mesmo que eu quero meu amigo, vamos lá...
E assim torceram as rédeas dos cavalos, desfizeram o semicírculo e rumaram-se para as bandas do rio, coisa de uns dez quilômetros. Enquanto cavalgavam, conversavam animadamente, fazendo muitos planos para se chegar às melhores terras do chapadão, nas quais o rio Sucuriú, era a maior atração, devido as terras muito férteis de suas margens. Em suas delações, João Dias, falava também dos rios Verde e São Domingos, igualmente importantes que drenavam o chepadão, no sentido Oeste-Leste.
            Finalmente, o sol já passando a marca do meio dia, chegaram no acampamento de João Nogueira, uma comitiva de verdade, composta de cinco carros de boi e mais de cinqüenta pessoas, entre adultos e crianças. Chegaram e foram direto para o carro mais central, onde estava as filhas e filhos solteiros que acompanhavam o pai João Nogueira que eram em número de cinco. Vendo que o pai chegara, todos os filhos se aproximaram para lhe pedir a bênção e saber as novidades.
            João Nogueira apresentou João Dias a todos os componentes de seu grupo a medida que iam percorrendo o acampamento, até retornarem ao ponto inicial, onde estavam lhes aguardando Silvério, o mais velho dos filhos de Nogueira, o qual ajudava no preparo do almoço. Depois de almoçarem e conversarem muito, João Dias voltou para sua casa, no povoado. Antes, porém, acertaram uma viagem exploratória sobre a região do Sucuriú, onde estariam presentes João Nogueira, seus dois filhos mais velho, João Dias, e um guia conhecido por Nego Mota, mestiço de índio e negro.
E assim aconteceu a introdução dos Nogueiras nas terras mato-grossense, conta-se que os nove irmãos, filhos de João Nogueira, vindos de Uberaba, atravessaram o rio Paranaíba e subiram pela margem esquerda do rio Sucuriú até o lugarejo chamado Paraíso, onde ficou Sebastião Nogueira. Mais adiante, à margem do riacho São Domingos, Francisco Nogueira montou a fazenda de nome Ponte Velha. Ainda na margem do São Domingos, mais a baixo, fizeram morada Joaquim Nogueira e José Nogueira. Luiz Gonzaga Nogueira ficou na beira do Indaiá, lado direito do Sucuriú. Camilo Nogueira morou na Fazenda Café, margem direita do Rio Verde. Silvério Nogueira montou fazenda também à margem do Rio Verde, num lugar chamado Lageadinho. Dois deles, muitos anos depois,  viajaram mais distante e foram montar suas fazendas nas campinas do rio Vacaria, nas proximidades da cidade de Rio Brilhante, foram eles Manoel Conegundes Nogueira, o Neneca, e João Nogueira. Na cidade de Rio Brilhante são encontrados inúmeros descendente desses dois membros da família Nogueira, dentre os quais existe a prole de Augusto Nogueira, chamado Augusto Neneca, pai de Ataíde Nogueira, personalidade muito influente na Região. Quem visitar o cemitério de Rio Brilhante verá, logo no início o túmulo do Senhor Manoel Conegundes Nogueira, falecido em 1935.
"DO LIVRO FAMILIA AUGUSTO PANIAGO  NOGUEIRA"